terça-feira, 14 de agosto de 2018

Entre elas

Notas e acordes, traços linguísticos do eco de si mesmas
Vicissitudes enormes e apegos infindáveis, infindáveis e indestrutíveis
Entre quartos e espaços, no nada ou em meio ao todo inominável
Eis que surgem suas faces, os imensuráveis dizeres de suas bocas e de seus corpos

E lá vem de novo, vem e vai, me toma e me solta
Lá aonde tudo se fez ser, lá mesmo, lá aonde não há momento de início
Lá está tudo e não se perde nada, lá me foi permitido e me foi rejeitado
Simplesmente um nada pertinente, que nem eu mesmo testifico seu sentido

Mas sinto profundamente, sinto tão intensamente na alma
E vejo novamente os seus rostos, sim, vejo seus sorrisos
Elas não se foram, não há nada que as torne destituídas do existir
Não há nada que as destrua, em meio ao todo

Outros ecos, alguns mais belos e outros somente providos de saudade
Eles permeiam suas faces cansadas, faces às vezes amargas e por vezes, tão leves
Faces de tantos traços e marcas, faces de contornos geridos por intensidade e perene amor
Amor por eles que se foram e por todos os que ainda persistem

A sonoridade de suas existências é o adjetivo de tal persistência
Assim como a dor nos seus passos, é a força de seu intenso encaixe
Não me diga que elas não querem nos falar o que tem de falar
Não me diga nada, se o seu proferir, for a negação dessas falas

Então seus corpos se esgotam e se renovam
No persistente movimento do diálogo com essa efemeridade espacial
Mesmo diante do mal dessa presente fragilidade, eu ainda ouço aqueles acordes
E choro de alegria, pois ainda ouço e ainda creio

É só mais um dia, mas as palavras refazem meu sentido de estar nesse mundo
Palavras presentes, palavras ausentes e crescentes, palavras sem som, porém tocantes
E no mais, tais versos só expressam a esperança sentida, a esperança vigente
E a espera não traz mal, não agride e não enfraquece

A espera também é um verbo, que conjugado coletivamente, resisti e produz
E se os dias obscuros fazem parir o medo, é no outro, que a causa se refaz
E que assim o seja, que entre nós esteja e que em nós amanheça
Que arda e consuma, que renasça e se refaça

Por essas duas escrevi e escreverei, senti e sentirei
Sejam elas fertilidade e vida, oração e paz, início e continuidade
Sejam elas o que são e por elas sejamos
Sejamos suas e totalmente suas, Arte amada e Democracia desejada...











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