Muito se fala sobre “ser livre”, mas pouco se discute sobre o que é, de fato, a liberdade. É ter autonomia
financeira? Tomar decisões? É poder se
expressar da forma que quiser?
O que temos são pontas aleatórias do iceberg que
é o livre-arbítrio e nos contentamos com isso.
Ninguém é plenamente livre, ninguém pode fazer o que quiser, ir aonde quiser, falar o que
quiser.
Temos um roteiro preparado, não por Deus ou
pelo universo, um roteiro que a própria sociedade
montou para si mesma. Os arquétipos mudam de um grupo cultural para
outro, mas sempre existem. Como Carl Jung escreveu “O inconsciente individual repousa sobre uma camada mais
profunda... Eu a chamo de inconsciente coletivo”, parte do
inconsciente coletivo é compartilhado universalmente, até sob a comparação de culturas
extremamente opostas podemos vê-lo, como exemplo, somos capazes de
afirmar que a Tribo Surma, no sudoeste da Etiópia, é tão dotada de crenças e rituais quanto a tribo Cherokee, na América do Norte, ainda que distintas, compartilham da mesma
necessidade de misticismos e simbologias.
O dinheiro que ganhamos faz parte de um ciclo chamado
economia, você já o ganha
sabendo que irá se desfazer, de algum modo, dele. O
que você recebe, devolve ao Estado, logo, “autonomia financeira” não existe, visto que não podemos
aplicá-lo desordenadamente, sem pagar impostos, sem sermos
submetidos ao consumismo.
As decisões que tomamos são reflexos do que vivemos ou da cultura na qual estamos
inseridos. Toda decisão é condicionada
pelo que precede dessa lógica. Valores contingentes combinam-se para determinarem que uma ação seja inevitável em adequadas situações e as variáveis nos dão uma falsa sensação de
liberdade, quando naturalmente obedecem as leis de causa e efeito.
O próprio corpo não nos dá liberdade, nossos desejos fogem do
nosso controle, assim como a genética, a
escolha de nascer ou não nascer. O ser humano não conhece o livre-arbítrio
integralmente, talvez, diante dele, não saberia nem
como reagir, já que estamos acostumados com as regras – as explícitas e as implícitas.
Inobstante, assumir a veracidade determinista comportaria
admitir um universo detestavelmente premeditado e há certa tragédia nisso, como se nada de original
viesse a acontecer na humanidade.
Apesar dos inúmeros arquétipos, ocasionalmente, experimentamos a sensação (ou falsa sensação) de quebrar
alguns princípios, o que nos deixa sempre com um
efeito colateral de contentamento e autocontrole.
E o que você faria se tivesse liberdade absoluta?
-Thauany Melo
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