terça-feira, 6 de setembro de 2016

Para vencer o inimigo, é preciso amar...

  Transpostos os fatos pertinentes ao momento político atual, aonde de modo irrevogavelmente visível, um conjunto de malfadados pilantras se apossaram do poder, por meio de uma clara proposta de retomada do escrutínio trilhado no passado neoliberal brasileiro, assim como pelos interesses internacionais em questão, se faz indubitavelmente necessária a reflexão sobre a natureza vital do que nos é ameaçador, assim como, do que nos é urgentemente exigido. O Brasil é um país raquítico democraticamente, mas não penso nessa condição pela ordem fisiológica, nem pelo advento do lapso temporal de sua existência, pois aqui do nosso lado, vários países com históricos de vivência colonial já apresentam características muito mais contundentes de práticas e ações dirigidas à emancipação representada pela marca do "pertencimento"; o que considero elementar na noção de "fragilidade" democrática é a forma como a inconsciência sobre os interesses envolvidos em nossa convivência coletiva é estimulada, enrijecida e perpetuada.
     Pensemos: De modo particular, no início da gestão Dilma em 2015, ouvimos de formas específicas e constantes, o discurso da necessidade de realização das chamadas "reformas estruturantes", que possibilitariam a retomada do crescimento; sabe, o que me deixou mais raivoso nesse período de governo, até Abril de 2016, não foi a tal obstrução causada pela  oposição, às pautas dessas reformas dentro da Câmara, pois de fisiologismo, já estou cansado; o que de fato me trouxe a fúria, foi exatamente a forma como o governo de "esquerda", repetindo os mesmos pecados de boa parte da esquerda europeia, rezou e glorificou a cartilha pecaminosa e mortífera do neoliberalismo; reformas trabalhista e previdenciária, já eram aventadas por Dilma, trazendo inclusive resistências de entidades sindicais e trabalhistas. Aplicado o Ippon da máfia conduzida por Eduardo Cunha sobre o poder exercido por Dilma, essas reformas salvadoras, são acrescidas aos ideais terríveis de privatizações e enfraquecimento de tudo que é público e comum.
    Essa simplória observação, me leva a refletir sobre como o cidadão brasileiro é um pequeno rato de laboratório diante das manipulações midiáticas, que por atenderem a uma estrutura de exercício do poder, do qual fazem parte, como bem falara Foucault e anteriormente Nietzsche, aonde a incapacidade de perceber o que está em jogo, é expandida em dimensão quântica e de modo infinito. O brasileiro comum vive falando a mesma coisa e isso prova o quanto a sua alienação é gritante; o que ele fala? Fala sobre corrupção, fala sobre corrupção e fala sobre corrupção; depois fala sobre corrupção, repete discurso sobre corrupção e grita que político é ladrão! Meu Deus, quanto hipocrisia, quando nem fila é respeitada e todo mundo a todo instante arruma uma forma de se safar, pois sempre é importante não ser "otário". Me poupem por favor, pois entre sujeira pública e privada, a única diferença é a terminologia em questão. Para completar, ainda surgem aqueles jornalistas moralistas que ganham ibope exaltando a  natureza do cidadão trabalhador diante do mal da corrupção política, que no tempo atual, seria representa pelo câncer universal chamado PT! isso tudo causa náuseas e o vômito resultante, é fedido e letal.
   Seria possível olhar com um mínimo de lucidez para entender quem é o inimigo de fato? Talvez não sejam pessoas em si, nem partidos e nem muito menos o "sistema", talvez o nosso maior e profundo inimigo seja nossa incapacidade de perceber o "outro", que é o verdadeiro alvo da Democracia. A Democracia se faz na conjunção do que nos é necessário e hoje o que nos é necessário, é confrontar nossa insensibilidade diante do outro. Uma das marcas fundamentais do neoliberalismo é destituir tudo que é comum e coletivo, é elevar até a dimensão mais profunda do caos, nossa percepção sobre o outro, esvaziando sua existência diante do eu. Enfrentar a lógica neoliberal, é acima de tudo, ir em direção ao espectro de uma profunda retomada humanista, aonde não serão partidos e nem bandeiras que nos darão a vitória, mas sim a conjunção cognitiva, corpórea e de alma, pelas mesmas causas envolvidas.
   Precisamos ir às ruas, com esse sentimento, precisamos nos organizar nas escolas, universidades, nas comunidades e todos os meios de resistência social, contra essas malditas reformas e contra a entrega de nossas riquezas e do que nos é comum. Tudo que se fala sobre a Previdência na grande mídia, não passa de uma mentira violenta, tudo que se propõe em termo de modernização das relações trabalhistas, não passa de uma refundação das estrutura escravista de trabalho e da atomização da barbárie perpetuada pela coisificação humana; entregar nossas estatais e nossos bens é dizer que não somos capazes de sermos plenamente autônomos, compactuando com uma estrutura de poder, que despreza direitos e as reivindicações das minorias, é esmagar nossa expectativa amorosa de difusão da Democracia. É necessário tratarmos maduramente e de forma contínua todas essas questões, é necessário nos organizarmos para a resistência, cada um dentro da esfera espacial que lhe couber, pois vencer o Neoliberalismo é praticar um ato de amor e não devemos deixar para amar depois, "pois é preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã, pois se você para pensar pensar, na verdade não há".
    Eu não um partido, eu não sou a necessidade de um lado, contudo pelo bem da Democracia e pela vitória contra o neoliberalismo, grito bem alto: "Fora Temer, Eleições diretas já", pois o Brasil precisa sair dessa lógica, o Brasil precisa praticar o amor com coragem, o amor em unidade...
    
    

9 comentários:

  1. Acredito muito no poder do amor. E sei o quanto é importante amar,mesmo o amor já ter sido esfriado e congelado dentro de cada pessoa. A complexidade de lidar com os interesses de quem tem o poder e a decisão, mas não tem uma gota se quer de amor é mais que um desafio. E uma guerra.
    O Poeta diz que o "amor venceu a guerra". E em muitas batalhas isso se torna verdade de fato. A morta do orgulho, da lugar ao nascimento do perdão, e assim poderia falar de vários exemplos. Para dizer a verdade, hoje temos uma situação que exige mais amor a luta de fato, do amor ao ser humano mesmo.

    Hoje estamos passando por uma guerra que já venceu o amor de todas as formas possíveis e impossíveis. A degradação do homem diante do poder, da corrupção, do dinheiro e tanta que chego a pensar apenas em uma coisa. Sodoma e Gomorra. Até Deus desistiu. Salvou quem realmente queria ser salvo e ponto.

    O congresso de hoje é Sodoma e Gomorra de antes.
    Por mim salvem quem quiser ser salvo. Por mim a revolução armada estaria iniciada. Tomar o poder da mão dessa corja a força. Por um lado isso séria loucura, por outro lado seria a forma de amar, de luta e conquista o bem estar do povo.

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    1. Não acredito que uma revolução armada seja uma possível solução. Não se pode relacionar o amor à violência.
      Acredito que, assim como já disse Mohandas Gandhi , os sistemas econômicos que negligenciaram fatores morais e sentimentais  são como estátuas de cera: parecem vivas e no entanto falta a elas ser de carne e osso.
      Até mesmo o próprio Gandhi já se arrependeu de "dedicar-se mais à luta contra os ingleses do que ao estímulo da economia solidária."
      O foco não deveria estar no governo, e sim na revisão de conceitos éticos do povo que o constitui.

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  2. Acredito muito no poder do amor. E sei o quanto é importante amar,mesmo o amor já ter sido esfriado e congelado dentro de cada pessoa. A complexidade de lidar com os interesses de quem tem o poder e a decisão, mas não tem uma gota se quer de amor é mais que um desafio. E uma guerra.
    O Poeta diz que o "amor venceu a guerra". E em muitas batalhas isso se torna verdade de fato. A morta do orgulho, da lugar ao nascimento do perdão, e assim poderia falar de vários exemplos. Para dizer a verdade, hoje temos uma situação que exige mais amor a luta de fato, do amor ao ser humano mesmo.

    Hoje estamos passando por uma guerra que já venceu o amor de todas as formas possíveis e impossíveis. A degradação do homem diante do poder, da corrupção, do dinheiro e tanta que chego a pensar apenas em uma coisa. Sodoma e Gomorra. Até Deus desistiu. Salvou quem realmente queria ser salvo e ponto.

    O congresso de hoje é Sodoma e Gomorra de antes.
    Por mim salvem quem quiser ser salvo. Por mim a revolução armada estaria iniciada. Tomar o poder da mão dessa corja a força. Por um lado isso séria loucura, por outro lado seria a forma de amar, de luta e conquista o bem estar do povo.

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    1. A verdade Rodrigão, é que essa também pode ser uma forma de amar, já que ela manifestaria a escolha pelo outro, dentro da esfera do que é o interesse coletivo e dos excluídos!Eu ainda acredito pela consciência prática que pode ser desenvolvida em vista às questões futuras, a transformação virá pela conquista democrática, mesmo que ela seja processual. Obrigado pelo comentário mano velho!

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  3. Interessante a visão cristã do amor como cura de tudo. Visão esta apropriada do budismo, por assim dizer. E que é o âmago de muitas religiões. No entanto, os que dominam o mundo (como se vê em zeitgeist ) ou está apregoado pelo mais importante pensador do século XIX, Karl Marx, principalmente no que se refere à sua fúria ao momento atual, não se trata de ética a desgraça imposta pelo capitalismo. Pelo amor não se teremos mudanças na estrutura. Pode até melhorar uma coisa ou outra. Dependendo um nicho. Ainda aposto numa ruptura para além das rosas ou tão somente pela consciência como melhor armamento ao que nos esmaga. Infelizmente o bratáquio vai nos incomodar por umas trezentos voltas ao redor do sol. Pena! Mas continuamos na luta, na resistência, à esquerda sempre, camarada. Sabendo que apenas fora Temer (apoiadíssimo!) não basta. Precisamos mudar o sistema, pois demais atores sobre os mesmo tabuleiros incorrerão nos mesmos hiatos do PT e cia... COMUNISMO!

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  4. "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, se eu não tivesse o amor, nada seria." Carta de Paulo aos Romanos.
    Bem, partilho do pensamento do Bruno. É preciso, pra hoje, transcender as muralhas partidárias e enxergar o pouco que nos resta de soberania popular, em todas as suas dimensões, através da alteridade; sim, é olhando no outro que iremos reconhecer nossa condição humana e entender que não deve ser a política o fator determinante, mas sim, em primeiro lugar o humanismo, o amor.

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    1. Creio nesse mesmo caminho, amigo e companheiro de luta!

      abração mano!

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  5. Sem mais para dizer,Bruno e Emanuel eleitos.

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  6. Olá Brunão, boa tarde meu velho!

    Desculpe a demora em lhe escrever. Dias corridos...

    O Brasil realmente passa por uma situação complicada e isso já vem de bastante tempo. E claro, isso não se trata apenas de partidos, um ou outro politico, mas acredito, na própria forma como o governo se estrutura no país. Pode entrar e sair governo e eventualmente iremos ver alguém subir a forca e ser chamado de ladrão, não honesto, o culpado maior da situação.

    Nisso vale pensar... o que nós, cidadãos, DEVEMOS fazer? É uma questão bastante complexa, quando, diariamente, temos nossos horários a cumprir, contas a pagar, regras a obedecer. Movimentação ocasional nas ruas com bandeiras e faixas? Tudo bem... isso é um caminho... mas os resultados das manifestações que ocorreram, ao meu ver, foram para um fim já esperado e desejado por aqueles que estão entre a corja que envolve o governo do país.

    Existe então uma saída? Não a encontro. Não como um cidadão individual. Acredito que, o começo, é começarmos, todos, a nos informar do que realmente é politica, o que cada pessoa envolvida faz, o que está sendo decidido enquanto assistimos a novela ou o futebol. E ainda assim isso é um pequeno começo. Ademais... é encontrar uma forma de exigirmos mudanças e essas primeiro tem de vir de nós. Como você mesmo mencionou, o brasileiro é o povo do jeitinho, que fura a fila, quer sempre conseguir vantagem e não ser otário. Enquanto não houver profundas mudanças no Brasil como povo... difícil mesmo exigir uma postura impecável do governo.

    Forte abraço Brunão, estamos na luta e com fé em Deus o melhor virá e claro, Fora Temer!

    Fica com Deus

    Wendel

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